Cantar na noite é profissão


Músicos que ganham a vida na melodia dos bares
                                    
 Por J. Akico
Foto J. Akico/Arquivo Familiar
            
          Os cantores da noite, cantores de bares, às vezes nem ouvidos, ao menos aplaudidos, levam a vida de um trabalhador comum.
           O professor de música e baterista Adriano Luciano dos Santos iniciou a carreira aos 12 anos, quando ganhou uma bateria de presente do pai. Formou uma banda com o irmão guitarrista, tocando rock, e começou a se apresentar em bares. Ao longo do dia, a rotina da banda é corrida. “Nós temos um escritório, no qual trabalhamos organizando os horários de apresentação da banda, tratamos com músicos, montadores, técnicos, carregadores, organizamos ensaios e discutimos de tudo”, comenta Adriano. O grupo se apresenta em casamentos, formaturas, festas de empresas. À noite, eles expõem seu trabalho em bares, principalmente.
Michel Faria Trio
       Viver somente de cantar em bares não traz lucros para uma vida confortável, mas dá para sobreviver, é o que diz Santos, “Você não vai conseguir ter um carro, dar entrada num apartamento. Dá para um músico viver só de tocar, mas tem que correr atrás, tocar bastante, ser bom no que faz e atrair a graça do público e dos donos das casas”.
Diego Maderal Rodrigues, cantor, contra-baixista, guitarrista, baterista e violonista, tinha o sonho desde criança de subir financeiramente por meio da música. “Aos 13 anos, eu já tinha aquele sonho de ganhar dinheiro com a música. Mais tarde, depois de passar por diversas bandas, vi que seria possível levá-la de uma maneira profissional. Então, depois dos 17 anos, decidi que encararia isso como um trabalho e não mais como um hobby”. O encanto por esse ramo foi incentivado por amigos. Segundo Rodrigues, hoje, o reconhecimento, o retorno financeiro e a sobrevivência somente pela música são seus objetivos. 
                 O preconceito que existe com quem canta na noite é um dos incômodos desses profissionais. Santos defende a ideia de que somente pessoas desinformadas acham que músicos são drogados, boêmios, sem trabalho fixo. “Algumas mães de namoradas de músicos devem pensar que a filha está saindo com um drogado. Claro que músico não ganha como um médico, e toda mãe quer sua filha com um médico, mas no final as pessoas aprendem que o que vale é ser gente de bem, gente que faz o seu trabalho, sem prejudicar os outros”. Já Rodrigues conta da reação das pessoas próximas a ele quando descobriam a escolha dessa carreira “No começo, principalmente, quando estava na idade de pensar o que fazer da vida, muitos tentavam argumentar comigo para me convencer a fazer Direito, Medicina, Engenharia, mas, depois do reconhecimento, eles levaram a sério”.
Diego Rodrigues
          Sobre a fama de uma possível carreira conhecida por todos, os musicos da noite costumam ser bem conscientes. “O errado é procurar ser músico para ser popular. Quem faz isso acaba tentando agradar a todos e não cria uma personalidade”, explica Rodrigues.

        É preciso começar e ir desenvolvendo as próprias técnicas, ganhar experiência. Santos deixa a dica: “Mas todo músico começa tocando em bares e vai subindo. Sem os bares, os músicos não teriam escola, e até os mais estudados continuam tocando em bares”.

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